Quem nunca se questionou ou voltou para trás para verificar se a porta foi mesmo fechada, se desligou o ferro ou quis deixar o armário em perfeita ordem? Mas você sabe identificar quando uma mania é uma simples mania e quando ela passa a ser um trantorno? Diferente de uma simples mania o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) limita a rotina da pessoa, causa medos e ansiedade e escraviza a pessoa à algum comportamento que se repente diversas vezes.
Mas o que vem a ser então o TOC?
Obsessão
São pensamentos, impulsos ou imagens mentais recorrentes, intrusivos e desagradáveis, que surgem de forma recorrente na consciência, reconhecidos como próprios e que causam ansiedade, angústia ou mal-estar relevantes ao indivíduo, como algo que "invade" a consciência, tomam tempo e interferem negativamente em suas atividades e/ou relacionamentos.
Compulsão
São comportamentos ou atos mentais repetitivos que o indivíduo é levado a executar voluntariamente em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras rígidas, para reduzir a ansiedade/mal-estar, como forma de cumprir regras mágicas que precisam ser rigidamente seguidas, pensamentos mágicos que vinculam a realização do ato compulsivo com o afastamento de algum evento temível ou indesejado (ex. se eu der vinte voltas no quarteirão antes de entrar em casa, ninguém da família irá morrer proximamente).
Transtorno Obsessivo-Compulsivo
A característica básica do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) baseia-se na existência de obsessões e/ou compulsões. As obsessões mais comuns são as relacionadas com sujeira ou de contaminação (preocupação com sujeira ou secreções corporais, bactérias, vírus, radioatividade), agressividade (medo de que algo terrível possa acontecer a si mesmo ou a alguém querido, medo de ferir alguém sem querer, medo de fazer algo embaraçoso), somáticas (preocupações com doenças ou com aspectos da aparência física), as de simetria e escrupulosidade, as de armazenamento e os pensamentos de conteúdo mágico, agressivo ou sexual.
Para neutralizar tais obsessões, os pacientes podem desenvolver rituais diversos, como compulsão por lavagens excessivas (das mãos, de objetos, banhos longos), verificações ou repetições (de portas, janelas, torneiras, a fim de evitar alguma catástrofe), compulsão por alinhamento, ordenação e arrumação, contagem, simetria e por reter ou colecionar objetos inúteis. Estes rituais freqüentemente são percebidos como algo sem sentido e a pessoa reconhece que seu comportamento é irracional.
Assim, enquanto as obsessões causam desconforto emocional, os rituais compulsivos (sempre excessivos, irracionais ou mágicos) tendem a aliviá-lo, mas não são prazerosos. O TOC envolve sempre medos descabidos, dúvidas insolúveis e comportamentos repetidos na busca de um alívio sempre fugaz. O grau de crítica pode variar entre as pessoas e no mesmo indivíduo conforme a ocasião.
Em geral, o TOC tem um impacto importante no funcionamento da vida diária. Alguns pacientes passam muitas horas do dia envolvidos com suas obsessões e rituais, o que pode interferir significativamente na rotina normal do indivíduo, em seu funcionamento ocupacional, atividades sociais habituais ou relacionamentos com amigos e familiares.
Tratamento
O TOC trata-se de um problema multifatorial, histórico familiar e fatores psicológicos estão entre as possíveis causas desse distúrbio. O tratamento pode ser medicamentoso ou não medicamentoso, porém a associação dos dois traz melhores resultados.
A psicoterapia é uma forma eficiente para reduzir a frequência e a intensidade dos sintomas. A medida que ela expõe o paciente aos seus pensamentos e comportamentos mais difíceis, ela ensina à pessoa diferentes maneiras de pensar, de se comportar e reagir a situações, passa a tomar consciência e resolver conflitos internos, o que reduz o estresse, a ansiedade e/ ou o medo. Este ciclo oferece a oportunidade de ressignificação dos seus piores medos e com isso a possibilidade de melhora.
A família também tem um papel importante no tratamento, acompanhar de perto, entender a doença e dar apoio àquele que sofre auxilia nos resultados da doença.
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Fonte: Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais, Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. Torres, A.R., Smaira, S.I. Quadro clínico do transtorno obsessivo-compulsivo. Revista Brasileira de Psiquiatria, Vol. 23, supl. 2, out, 2001. Gonzalez, C.H. Transtorno Obsessivo-compulsivo. SNC em Foco, Vol. 1, n° 2, jun, 2005.
Filme sugerido: Melhor é Impossível (As good as it gets), 1997.
Jack Nicholson vive Melvin Udall, um homem grosseiro e lotado de supertições. Sua vida tranqüila de escritor é interferida quando seu vizinho sofre um acidente e tem que, contra sua vontade, ajudá-lo cuidando de seu cachorro, transformando sua vida com o pequeno canino. Melvin também começa a sentir interesse em Carol Connelly, a única pessoa que tem paciência com suas manias insuportáveis.
Filme sugerido: O aviador ( The Aviator), 2004
A história conta a vida de Howard Hughes, aviador, engenheiro, industrial, produtor de cinema, diretor cinematográfico e um dos homens mais ricos do mundo. Sua vida foi bem agitada com todas as suas manias e desejos, amantes e acessos de loucura. Howard desenvolveu uma doença mental que também pode ser causada pelos transtornos de ansiedade, chamada TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Hughes, apresenta sérias compulsões, ou seja, rituais repetitivos, preocupação com germes, principalmente em banheiros públicos, onde lava as mãos várias vezes. Quando dirigia um filme tinha a necessidade de revê-lo várias vezes; quando construía os aviões, tinha de passar a mão sobre eles para verificar se estava tudo em tamanha simetria, pois não aceitava imperfeições.
Escrito por Cíntia Cazangi
Psicóloga clínica, institucional e psicoterapeuta, formada e pós-graduada pela UNESP/SP e Santa Casa de Misericórdia/SP, especializanda em Psicossomática Psicanalítica pelo Instituto Sedes Sapientiae. 10 anos de experiência no atendimento a adultos, adolescentes, idosos, crianças, orientação de pais e profissional.